terça-feira, 22 de novembro de 2011

O que está acontecendo???

   
   No começo, a pergunta, o que está acontecendo? Não há respostas, há o desespero de um grito sem voz como num pesadelo. Hoje, ter uma voz interna para gritar, já é muito valioso.  Sou telespectadora de mim mesma, pois olho como se tivesse do lado de fora.  Não sei o que me paralisa, se a ânsia de continuar a desvendar esse mundo TDAH (ele se trata como tal), como obcecada que me tornei, ou, se como vítima, faço parte de um esquema bem engenhoso de manipulação mesmo que inconsciente, ou ainda, se creio que preciso continuar sendo a presença transformadora na vida dessa pessoa, ou ainda pior, se me acostumei a ser um mero ratinho de laboratório, desses que por algum motivo espera recompensa. Tantas coisas me passam pela cabeça...
    Com o tempo achamos que estamos imunes, mas é pouco provável. O que acontece é um sequestro emocional, como um sequestro verdadeiro, só que não é nosso corpo que sofre, é a nossa alma.. Os autores ora escrevem sobre vampiros emocionais, ora sobre perversos-narcisistas, ora sugadores de energia, ora sobre TDAH, as literaturas se confundiram e se mesclaram na minha cabeça.
    As relações durante a vida causam profundas transformações na nossa personalidade, verdadeiras metamorfoses. Quando me entreguei a esse segundo casamento foi um mergulho de cabeça, tentando resgatar todo um histórico de uma vida insatisfatória. Uma infância complicada com pai que se entregou ao álcool e morreu jovem, uma mãe com personalidade paranóide, um primeiro casamento precoce e fracassado com uma pessoa que me tratava como um objeto na estante. Mergulhei no desconhecido. Até ter compreensão do que estava acontecendo vivi momentos tão estressantes quanto inacreditáveis, a sensação era de que poderia acordar a qualquer instante de um sonho ruim. Perdi completamente minha auto-estima e minha identidade. Levaram cinco anos de convivência sob o mesmo teto para que eu “acordasse”, e agora é como se ainda ficasse na cama com preguiça de levantar e seguir com o resto do dia. Vivo meia vida, porém não tenho como zerar o cronometro do relacionamento com essa pessoa, não tenho com mergulhar de cabeça, não tenho como não estar bipartida, não tenho como sair sem deixar parte de mim. Essa parte que se quebrou em mil pedaços, e que agora estão espalhados e tento recolher. Embora a pessoa em questão esteja em tratamento, e ela se “policie” no comportamento, isso nem sempre acontece, pois o remédio tem efeito somente por 8 horas, então qualquer atitude que me lembre a situação vivida me causa um tremendo estresse, como um revivência. Pior que essas atitudes estão se repetindo.
    Esse despertar só aconteceu porque senti que estava ficando doente. Tinha insônia , taquicardia, angustia profunda. A exigência para manter esse amor complicado era tanta que esgotou toda minha energia física e mental, eu parecia um zumbi. Passava as noites em claro tentando compreender, procurava meus erros. Estava no fundo do poço, com auto-estima abalada. Saí de casa e ele me convenceu a voltar. Foi uma conversa bem dolorosa, cheia de promessas e onde reconheceu todos os seus erros e admitiu que não era superior a mim. Dalí para frente, como num passe de mágica consertou “tudo”. Tudo o que fazia errado, sabia exatamente como fazer o certo, em todas as minúcias e sutilezas, do nosso tão complexo relacionamento. Houve mudanças, sim, mas eu também mudei. Jamais voltarei ser a mesma, a mesma mulher, a mesma entrega, o mesmo desejo, a mesma paixão. Eu avisei que não era a mesma, mas mesmo assim ele quis voltar. Quem sou eu hoje? O que eu quero? O que eu sinto? Por que me submeti a isso tudo? Pedaços, pedaços, pedaços e mais pedaços.

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