terça-feira, 22 de novembro de 2011

Quanto mais amar um narcisista, mais alimentará seu sentimento de grandiosidade, e mais ele se afastará de você.

           
A proposta amorosa do narcisista gira em torno de três premissas:

1)      Menosprezo afetivo: “As minhas necessidades são mais importantes que a sua”.
2)      Grandiosidade/Superioridade: “Que sorte você tem de estar comigo”.
3)      Hipersensibilidade a crítica: “Se você me critica, você não me ama”.

Devo reconhecer que colaborei com tudo isso, creio que não tenho parâmetros sobre até onde pode chegar minha falta de amor próprio. Sempre relevei sua falta de consideração com minhas necessidades. Acreditei mesmo na sorte de ter encontrado uma pessoa especial. No dia a dia fui aceitando que as coisas dele tinham que ser melhores que as minhas. E tomando cuidado com críticas, mesmo as construtivas, tinham que ser feitas com muito tato, muito cuidado para não parecerem críticas, uma tarefa quase impossível.

Três esquemas negativos que nos tornam vulneráveis a estabelecer relacionamentos com pessoas narcisistas:

1)      Autorrejeição: “ Preciso de uma relação que me dê status”. Pessoas que não se sentiram desejadas pelo sexo oposto e criaram uma necessidade dirigida à compensação do tempo perdido.
2)      Indeterminação do “eu”: Preciso de alguém para me identificar”. Pessoas que precisam encontrar fora, na excelência alheia, o que não acha no próprio interior para compensar um vazio pessoal.
3)      Entrega ilimitada: “Preciso dar amor desesperadamente”. Pessoas extremamente afetivas e generosas, com um esquema ilimitado de entrega. Quando uma pessoa assim encontra um narcisista, se produz uma simbiose tão extraordinária quanto mortal. O narcisista é um receptor insaciável e um péssimo doador de qualquer expressão amorosa.  No sonho do doador compulsivo a fantasia é alcançada, porém nessa cumplicidade tácita e marcada pela patologia, a entrega se torna destrutiva.

A terceira opção é o meu caso. Sou muito afetiva, choro em “desenho animado”, me apego fácil as pessoas. Gosto de cuidar, mimar, acarinhar...Tô sempre pegando meus filhos para beijar. Meu primeiro marido foi sempre uma pessoa fria comigo, não só em dar carinho, mas também em receber. Achei que tivesse encontrado a pessoa ideal. Parecia um gato recebendo carinho, gostava imensamente e eu ficava tão feliz, que nem percebia que não havia troca, só doação.

Duas estratégias de sobrevivência afetiva, com consequências complicadas de se lidar:

1)      Adorar o parceiro sobre todas as coisas:  Reconhecer a supremacia do outro e prestar lhe homenagens. Adotar posição de subordinação para não entrar em choque com a grandiosidade do parceiro. Mostrar admiração constante. Não competir com o parceiro. Pegar carona nas conquistas do parceiro. Apontar falhas com muita diplomacia. Adular. Deixar se manipular fingindo-se de “tonto”. Criar resistência a indiferença do parceiro. “ Fortalecer o ego dele.
2)      Colocar o narcisista em seu lugar e fazê-lo descer de seu pedestal: Tentar equilibrar a relação, dividir e compartilhar o poder. Confrontar o ponto mais vulnerável do narcisista, o ego. Baixar a necessidade ególatra com a autorização do narcisista. Não ter mais atitudes de reverência e submissão. Comportar-se como achamos conveniente. Expressar sentimentos com honestidade. Reconhecer a intenção de quem tenta ter o controle, qual o verdadeiro propósito por trás de alguma atitude e não entrar no jogo.

 Creio ter feito as duas coisas. A princípio, por amar demais e não entender o que estava acontecendo, muitas vezes me culpando e me sentindo inferior, tive mesmo uma atitude de subordinação. Foi meio que instintivo, uma questão de “vida ou morte”. 

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